RESGATANDO A SUA AUTOCONFIANÇA
Diariamente atendo pessoas que
não confiam em mais ninguém. Pessoas que passam a maior parte do tempo se
protegendo das relações, se protegendo de todas as situações para não sentir
determinadas coisas, para não sentir emoção, mas ao mesmo tempo, por dentro,
sempre que ocorre uma contrariedade, um conflito, elas se mordem de raiva; elas
sofrem com irritações, sofrem com mágoas, com tristezas.
Enfim, o seu acervo pessoal de insatisfações vai
crescendo de tal forma que elas buscam colocar uma capa, uma proteção e, após
máscaras e mais máscaras, surge a indiferença.
Várias vezes tenho me deparado
com essas situações e, se eu pudesse escolher quem tratar, eu diria que é muito
mais fácil tratar aquele que vem com as emoções afloradas; é muito fácil a
gente saber com quem a gente está lidando; é mais fácil quando a pessoa
consegue identificar ou expressar aquilo que sente; quando a pessoa se permite
sentir; e é muito mais difícil quando a pessoa se protege.
Então a pessoa chega aqui e diz
“eu não tenho problema algum, e fica o tempo todo se justificando, dizendo: eu
sinto isso por causa disso”. Enfim, busca mil justificativas para aquilo que
está sentindo ou que não está sentindo.
Ao tocar nesse assunto numa turma
de alunos , veio aquela ideia de que muitas vezes nós sabemos que existe um
rombo em nosso sofá. E o que são os rombos no sofá? Nos sofás das nossas
emoções?
São aqueles acessos de raiva,
aquelas coisas todas que a gente não consegue cuidar. Então, se eu não consigo
olhar para isso, o que eu faço? Compro uma capa nova para o sofá. E daí eu
passo a acreditar que o sofá não tem mais nenhum problema. Mas, se a gente
pensar bem, vai lembrar que tem um buraco no sofá.
E assim acontece com o nosso
emocional. A gente vai tentando passar por cima das coisas que sente,
sublimando daqui, de lá. E, ao fazermos
isso, nós geramos um distanciamento das situações e também das pessoas que as
originaram. E, a partir daí, vamos colocando as nossas capas no sofá e muitas,
muitas capas.
A partir do momento em que fazemos
isso, a nossa autoconfiança e a confiança nas pessoas começa a ficar abalada.
Por que? Eu não mais acredito em mim, porque a capa está lá no sofá e
intimamente eu sei que, embaixo daquela capa, existe um buraco no sofá. Então,
claramente, eu não sou uma pessoa confiável. E, se eu faço isso, possivelmente,
todo mundo também deve fazer estar colocando as suas capinhas, não é mesmo?
Então a gente começa a viver um
processo de desconfiança em relação a si mesmo e em relação aos outros, e nesse
processo de menos-valia a gente começa a se comparar com todo mundo e a gente
sempre se considera perdedor, a gente sempre sai perdendo; a gente começa a
criticar e a julgar tudo e todos. E tudo isso começa a gerar muita dor dentro
da gente.
Ainda ontem, atendi uma pessoa
que ela é a própria raiva em forma de ser humano. Ela disse: “o que mais me
preocupa é que eu não me faço agradável para ninguém, nem os meus alunos gostam
de mim; eu consegui brigar com todo mundo, com a minha família, com a família
do ex-marido, com a filha, com os amigos da filha, com todo mundo. E eu estou
aqui porque acredito que aquele que briga com todo mundo, possivelmente, é a
causa do problema.” E é verdade. Vale uma análise porque aquele que está na
contramão de todo mundo está no olho do furacão.
E nesse momento é extremamente
importante que a gente reconheça:” eu sou o problema”. Quando fazemos isso, 50%
dos problemas já está resolvido.
É nesse momento que eu proponho:
- Vamos trabalhar para buscar as origens dessa raiva; de onde vem, o que
acontece no seu dia-a-dia para que essa raiva surja?
A partir da raiva, vamos criando
um isolamento, de tudo e de todos, e as outras pessoas passam a nos isolar
também. Com isso a nossa autoestima fica extremamente prejudicada, surgindo
afirmações do tipo:
“Eu não mereço nada mesmo, eu sou
um zero à esquerda, eu sou burro, etc.”
Mas, na verdade, a gente não é
nada disso. A gente está passando por situações em que a gente se sente assim,
mas não significa que a gente SEJA.
Então para resgatar a nossa autoconfiança,
a nossa autoestima, a primeira coisa a fazer é olhar-se no espelho de nossa
alma, com muita sinceridade, com muita honestidade e se perguntar:
- Será que Deus pode contar comigo? Será que
eu sou alguém com quem Deus poderá contar para colocar em prática a sua Divina
Obra? Quem é que pode contar comigo? Eu posso contar comigo?
E assim, nessas perguntas, nessa
busca, vá se perguntando se vale a pena estar com você. Se nesse momento você
achar que tem tantos defeitos que não vale a pena, atire a primeira pedra
aquele que nunca fez nada de errado, que nunca errou o alvo.
Todos nós já erramos o alvo;
todos nós fizemos coisas que não são dignas de aplauso, mas nem por isso Deus
esquece de nós; muito pelo contrário. Lembrem-se sempre da parábola do Filho
Pródigo, que quando erramos, a festa no céu é muito maior no momento em que
voltamos, porque éramos alguém que estava perdido e que retornou. Então esse
Ser que estava perdido e reencontrou o caminho, precisa ser festejado com toda
a pompa, com toda alegria, e é nisso que eu confio. Não importa o que ficou
para trás; não importa quantas vezes você já pisou na bola, o que importa é que
você merece um lugar ao sol.
Aproveite esses momentos em que
você está com você mesmo para olhar-se com muito carinho, com muita compaixão,
que é isso que Deus nos pede. E acima de tudo pergunte-se a qualquer momento:
“eu sou alguém com quem Deus pode contar? Tenho certeza de que a resposta é
sim.
E eu confio em você.